Os 6 Passos Para Desenvolvermos Atitudes Efetivas Para Lidar Com os Conflitos Desagradáveis nos Relacionamentos Afetivos

Tempo de leitura: 27 minutos

As eventuais discussões que surgem nos nossos relacionamentos mais íntimos podem rapidamente se tornar demasiadamente acirradas. Com o passar do tempo, a amizade e o respeito mútuo que vimos construindo e que tanto cultivamos acaba nos parecendo estar caindo em um profundo abismo quando nos percebemos nos “digladiando” por algo.

Nestes casos, nos sentiremos ameaçados e, assim, os nossos conflitos poderão chegar facilmente ao ponto de haver abusos verbais – ou físicos.

Uma das melhores maneiras de impedirem que essas suas discussões conjugais se escalem de tal maneira que passem a parecer estar fora de controle será fazer uso de uma técnica muito eficaz que consiste em “dar um tempo para arejar”.

O autor do livro Couple Skills (de Matthew McKay, tradução: “Habilidades dos Casais”, ainda não traduzido para o português) se questiona se a prática de “dar um tempo para arejar” – quando oportunamente praticada pelo casal – não seria, “talvez, a estratégia mais útil para acabar com a violência e com os disparos sintomáticos da ‘síndrome das pessoas abusadas’”.

Mas esse oportuno ato de “dar um tempo para arejar” deverá certamente acontecer antes que os parceiros comecem a se sentir emocionalmente sobrecarregados. Pois quando um de vocês já estiver se sentindo emocionalmente sobrecarregado, a parte amorosa de seu cérebro já estará desligada e a outra parte que só sabe lutar assumirá o controle.

Segue-se como exemplo, como que um ciclo de conflito pode rapidamente vir a sair do controle:

Blake: Devin, eu não gosto quando você me rotula com esses nomes.

Devin: Mas eu não estou rotulando você, Blake.

Blake: Você sempre acaba me chamando de boboca ou de aproveitador, mas não percebe ser você quem está agindo como aproveitador nessa maneira abusiva pela qual você vem me tratando.

Devin: Ah! Não me venha dizer isso agora! Fica bem claro que você é que anda me excluindo em tudo!

Blake: Você bem sabe que isso já vem acontecendo por todo o tempo que estamos juntos. Você promete mudar, mas não muda nunca! Eu desejo sua proximidade e gozar de sua simpatia, mas você jamais me oferece isso.

Devin (indo embora): Isso é ridículo! Eu vou cair fora daqui! Não vou ficar ouvindo suas bobagens!

Blake (correndo atrás dele): Hei! Nós ainda não terminamos nossa conversa. Você não pode ir embora, assim, simplesmente! Volte aqui e fale direito comigo como um homem!

É importante percebermos que esses ciclos – eventuais ou contínuos – de ataque e contra-ataque tornam os relacionamentos um lugar inseguro e difícil para se desenvolver conversas e discussões mais proveitosas.

A ameaça de vir a bater em retirada que foi oferecida ao Blake por Devin seria nada mais nada menos do que uma clara sinalização dos níveis de obstrução, isolamento e desconexão afetiva que ele vem oferecendo ao seu relacionamento com Blake.

E mesmo que Blake ache que Devin não está sequer sendo afetado pela dor que ele próprio já consegue queixar-se por sentir, essa suposição certamente estará bem distante de vir a ser a melhor verdade existente sobre a verdadeira situação que acontece entre eles!

J. Gottman nos ensina que “as pessoas que dificultam, obstruem ou impedem o contato afetivo que tanto desejam, elas o fazem como uma maneira de se protegerem de vir a se perceberem física ou psicologicamente sobrecarregadas – uma sensação que genericamente denominamos por ‘inundação emocional’“.

Sobrecargas inundantes nos acontecerão quando as duras e cortantes palavras que estejam sendo proferidas por nosso parceiro nos afetam tão profundamente que isso, automaticamente, nos remete a “ter de passar a atuar” algum padrão protetivo nosso que achamos ser o mais “eficaz” para o momento.

Mas ao serem parceiros de amor, fica claro que Blake e Devin não deveriam estar se relacionando da maneira agressiva que vêm demonstrando fazer!

Neste caso específico, Blake fez uso de todo o seu forte criticismo contra Devin e então, Devin foi se tornando cada vez mais reativo. Para proteger sua autoimagem, Devin opta por bater em retirada. E quando Blake percebe isso e se percebe estar sendo abandonado por Devin, ele procura resgatar algum contato para obter alívio e não ficar se sentindo tão ameaçado. Porém, Devin interpreta esse pedido de alivio como se fosse um aumento intolerável do perigo já eminente que sente e abandona Blake mais e mais.

Mesmo assim, por baixo de toda essa tóxica discussão, também existirão profundas vulnerabilidades.

Blake sente medo de que Devin vá embora. Devin, por sua vez, se sente temeroso ao constatar que vem sendo sendo incapaz de satisfazer Blake. Assim, ao perceber que a presente situação poderá deixar demasiadamente óbvio que ele não vem sendo bom o suficiente para Blake, Devin prefere continuar atuando a sua tendência preferencial de bater em retirada para não “tornar pública” essa já sabida falha sua.

E, quanto mais essas vulnerabilidades forem sendo continuamente acionadas e não forem sendo trazidas à luz da verdade, menos amor cada um dos parceiros acabará sentindo um pelo outro.

É impossível alguém permanecer emocionalmente aberto quando seu parceiro estiver sob condições de medo, desaprovação ou ameaças de abandono! Só através de um diálogo maduro que envolva aceitação, respeito e segurança, alguém poderá se sentir emocionalmente aberto o suficiente para realmente resolver esses conflitos.

Não sei sobre você, leitor, mas a minha educação emocional não me ensinou formas de vir a desenvolver uma discussão segura e proveitosa com pessoas com quem eu intencionasse me fazer bem próximo afetivamente.

Além do mais, jamais alguém me ofereceu vir a perceber a necessidade de praticar o ato de “dar um tempo para arejar” durante algum conflito amoroso.

Eu costumava ser o “Blake” nos meus relacionamentos; Eu me via sempre correndo atrás de minhas parceiras, exigindo que elas lidassem com os problemas emocionais que surgiam entre nós. Enquanto fiz uso disso em nossas conversas e discussões, nada de bom nos aconteceu!

E é por isso que se faz ser tão importante que os casais efetivamente aprendam a “dar um tempo para arejar” quando qualquer um deles se perceba começar a se sentir emocionalmente inundado. Passada essa fase, eles poderão retomar a discussão, mais calmos e serem capazes de resolver amorosamente o problema.

Passo 1: Criar acordos que respeitem os sinais de ser necessário “dar um tempo para arejar”

Isso pode ser verbal ou não verbal. Exemplos verbais incluem:

  • Eu preciso de um tempo
  • Eu acho melhor darmos uma pausa
  • Eu estou me sentindo sobrecarregado. Preciso de um tempo.

Outras boas práticas:

  • Garanta que a sua sinalização verbal seja curta e direta!
  • Preferencialmente, procure fazer uso da primeira pessoa verbal em suas sinalizações.
  • Procure fazer com que a sua sinalização não faça uso de linguagem ou voz ofensiva!
  • Sua sinalização deve sugerir que você acredita que “dar um tempo para arejar” será o melhor que aconteça a ambos os parceiros.

Alguns casais preferem combinar o uso de sinais não-verbais, como, por exemplo:

  • Simular um “T” com as mãos
  • Formar um coração com os dedos das mãos
  • Levar as palmas das mãos ao peito ou ao coração
  • Levantar uma bandeirinha branca, vermelha ou preta que estará sempre à mão em sua casa etc.

Mas a ideia sempre será a de se fazer claramente entendido por seu parceiro de que, para você, é hora de “dar um tempo para arejar”.

Converse com seu parceiro e decidam o que funcionará melhor para vocês dois!

Passo 2: Fazerem bons acordos de seguir as dicas sobre as brigas desagradáveis

Quando se sentirem calmos o suficiente para desenvolverem uma conversa verdadeiramente proveitosa reflitam sobre qual é a maneira pessoal e específica pela qual cada um de vocês dispara algo interno que os faça ficar fora-de-controle em uma discussão.

Procure descobrir qual ou quais são as evidências, sentimentos ou situações que poderiam estar servindo de “gatilho” para disparar o movimento interior que o remete ao lugar de descontrole.

Para alguns casais, isso pode ser indicado pelo aumento da raiva. Para a maioria dos casais, isso é disparado pelo surgimento de sarcasmos ou xingamentos, declarações duras direcionadas ao “você” ou o surgimento do volume ou aspereza da voz.

De acordo com J. Gottman, “o fracasso de um casamento já estará definido, quando a maneira habitual do casal disparar seus conflitos for a de preferencialmente fazerem uso de conotações negativas. Em última análise, é isso que os remete a inundações emocionais”.

Conforme os resultados obtidos na pesquisa feita por J. Gottman, os quatro primeiros sinais de que um relacionamento amoroso estará condenado ao fracasso, serão:

  1. Uma atitude do tipo “partida dura” por iniciarem conversas preferencialmente fazendo uso de algum comentário negativo ou sarcasmo que denota haver um ataque ao parceiro ou deposite toda a culpa sobre ele.
  • Ocorrência de frequentes inundações emocionais
  • Sinais corporais de inundação emocional (o que ativa a resposta cerebral Reptiliana de ataque-fuga)
  • E os principais indicadores fisiológicos verificados por J. Gottman de que um dos parceiros – ou ambos – esteja se sentindo emocionalmente ameaçado serão:
  1. Batimento cardíaco maior que 100 batimentos por minuto
    1. Aumento significativo da pressão arterial
    1. Aumento significativo do nível de adrenalina

Ainda, conforme as pesquisas feitas por J. Gottman, frequentes e continuadas vivências de inundação direcionam os casais a terminarem seu casamento por dois principais motivos:

  1. Um dos parceiros já previamente demonstra estar extremamente angustiado, mesmo antes de acontecer qualquer estímulo ou conversação entre eles.
  2. Desde que por já se estar previamente inundado, isso por si só já tornaria ser impossível haver uma conversa bem-sucedida sobre um qualquer conflito que tenha chance de vir a solucionar o problema em questão, todos os outros pequenos problemas do casal parecerão ser muito grandes e/ou o seu grau de importância se transforma em algo intolerável ou premente.

Dan Siegel diz que quando estamos inundados emocionalmente, nosso cérebro fica meio “destrambelhado” e perdemos contato com o Neocórtex – desligamos a parte mais socializável de nosso cérebro: a parte de nosso cérebro que é responsável pela resolução criativa dos problemas, pelo bom-humor e pela capacidade de ver as coisas a partir de novas perspectivas.

E quando esse sistema cerebral se desconecta e se “destrambelha“, você passará a ser comandado pela parte mais primitiva da mente humana – a parte Reptiliana de seu cérebro – e suas respostas, agora, serão limitadas a qualquer coisa que demonstre apenas ataque (palavras duras) ou fuga (impedimento, obstrução, desistência, distanciamento, isolamento e retirada). A partir daí, qualquer possibilidade antes existente de vir a resolver o problema, já terá escapado pela janela!

É por isso que será essencial que você compreenda a linguagem pregada pelas suas inundações emocionais e se faça sempre atento às dicas dadas por esse processo cerebral antes que já seja tarde demais.

A descoberta eficaz do momento certo onde qualquer um de vocês precisará oferecer ao parceiro o sinal que tenha sido combinado entre vocês para “dar um tempo para arejar” terá de acontecer tão logo o primeiro dentre vocês já seja capaz de perceber os sintomas da inundação emocional batendo à sua própria porta!

Lembrem-se: Tudo o que fizer você se sentir defensivo é um sinal de que as inundações estão chegando.

Passo 3: Significado do sinal de “dar um tempo para arejar”

Para os parceiros arredios – aqueles que logo se inundam emocionalmente com maior facilidade na existência de um contato afetivo intenso e/ou que desenvolvem maior ansiedade ao se sentirem afetivamente próximos demais – eles darão significado aos pedidos de “dar um tempo para arejar” feitos pelo parceiro, como uma maneira de alívio muito bem-vinda! Tais pessoas são hábeis a optar por mais distanciamento, já que esta é sua maneira preferencial de se estar. Pelo mesmo motivo, eles rápida e facilmente se voluntariam a sinalizar pedidos de “dar um tempo para arejar” ao seu parceiro. Ainda, pelos mesmos motivos tais pessoas serão convenientemente respeitosas e comprometidas com os pedidos de “dar um tempo para arejar” vindos de seu parceiro.

Para os parceiros grudentos – aqueles que logo se inundam emocionalmente com maior facilidade ao farejarem qualquer sinal de perda afetiva ou de falta de contato amoroso – eles darão significado aos pedidos de “dar um tempo para arejar” como sendo algo que não será lá muito bem-vindo, já que não estarão lá muito comprometidas com as necessidades de distanciamento vindas de seu parceiro. Assim, haverá alta probabilidade de virem a criar calorosos arrazoados para se autorizarem a desrespeitar ou discutir a validade dos motivos dos pedidos de “dar um tempo para arejar” que forem feitos pelo parceiro ou, então, de serem eficazmente capazes de identificarem o momento certo onde eles próprios teriam necessidade pessoal de tomarem a decisão de acolher sua própria necessidade de virem a “dar um tempo para arejar”.

Vê-se, portanto, ser por isso que se faz necessário discutirem com bastante profundidade, o significado específico que venha sendo dado à prática de “dar um tempo para arejar” por cada um de vocês.

Quando eu trabalho com casais, recomendo que ambos os parceiros escolham ressignificar o fato de “dar um tempo para arejar” como se fosse um marco importante que deixará claro a seu parceiro(a) que o relacionamento existente os dois é realmente importante! Que um ou ambos os parceiros estejam engajados e que isso sinaliza que o relacionamento está bom.

A maneira pela qual qualquer um dos parceiros venha a atribuir importância e significado aos sinais respectivamente acordados entre eles para “dar um tempo para arejar” determinará sua eficácia:

  • A maneira pela qual cada um deles responderá bem ou ignorará o sinal de parada que tenha sido acordado no casal e que venha sendo oferecido pelo outro em um determinado momento desagradável.
  • A maneira pela qual cada um deles seja capaz de lidar honestamente com as suas próprias necessidades pessoais, respeitando-as sem, no entanto, serem complacentes com a tendência ao continuísmo de suas próprias diferenças no lidar com a ansiedade provocada pela inundação emocional.

Passo 4: Acordos efetivos para praticarem a técnica de “dar um tempo para arejar”

Os casais precisam firmar um “Pacto de Pausa” sobre como “dar um tempo para arejar”. O respeito dado a esse “Pacto de Pausa” significará o quanto que cada parceiro de fato honra a presença do outro em sua vida! E isso determinará a qualidade do relacionamento existente entre eles.

Quando um parceiro firma esse “Pacto de Pausa”, ele o aceita plenamente e passará a ser sua própria responsabilidade tornar-se um defensor da finalidade que o referido “Pacto de Pausa” trará ao seu relacionamento amoroso.

E, assim como o seu parceiro, você também precisará se tornar responsável pela manutenção dos acordos que tal “Pacto de Pausa” trouxer a vocês dois.

Aqui estão algumas diretrizes muito poderosas que podem servir de ponto-de-partida para vocês traçarem o seu próprio “Pacto de Pausa” em particular:

  1. Parar imediatamente.

Quando alguém der o sinal combinado por vocês que signifique precisar “dar um tempo para arejar”, um intervalo de tempo será disparado e o outro parceiro necessariamente concordará em honrar o outro nessa sua necessidade, interrompendo imediatamente toda e qualquer conversação ou discussão em curso!

Lembre-se:

Não haverá lugar para concessões adicionais como: “as minhas palavras finais”; explicações necessárias; ou algo que “precise” ser acrescentado…

Desistam da hipótese “Podemos ‘dar um tempo para arejar’ depois que eu termine minha argumentação…”, pois é claro que isso apenas os levará a romperem o “Pacto de Pausa” que estabeleceram entre si!

  • Estabeleçam um tempo mínimo de 20 minutos corridos para praticarem a técnica de “dar um tempo para arejar”.
  • Quando um dos parceiros sinalizar a necessidade de vir a gozar de “dar um tempo para arejar”, os parceiros automaticamente concordam em saírem do recinto onde estejam – ou, um deles ou ambos, saírem do local onde residem, darem um rolê de carro etc.

PS: Caso estejam em uma situação onde a separação física seja impossível, será necessário haver concordância em pararem de conversar por pelo menos, 20 minutos.

Os parceiros grudentos normalmente acham que precisam de apenas alguns poucos minutos para se acalmar. No entanto, a pesquisa de J. Gottman mostrou que a grande maioria das pessoas leva um mínimo de 20 minutos para poderem vir a regular suas emoções e retornarem a um estado mais próximo ao de seu estado natural.

E a maioria de nós – eu inclusive, assim como todos aqueles parceiros grudentos que costumam desenvolver alguma ansiedade pela sensação de estar havendo algum afastamento que percebem como abandono – acabamos demonstrando ser minimalistas neste aspecto. No entanto, ao retomarem suas conversas sobre o ponto central do conflito ao qual haviam anteriormente chegado, J. Gottman descobriu que mesmo aquelas pessoas que acreditavam já estar conveniente calmas antes dos 20 minutos decorridos, em média, ainda estavam operando 10% acima de seu ritmo cardíaco normal. Assim, por retomarem a conversa antes do tempo adequado, elas corriam alto risco de virem a se sentir novamente inundadas pelas mesmas emoções anteriores – ou outras decorrentes destas.

Só retomem sua conversa quando o tempo terminar.

A prática de “dar um tempo para arejar” pode perdurar por até uma ou duas horas, caso seja necessário. Mais tempo que isso fará com que o seu parceiro possa ficar muito ansioso e se sentir abandonado.

Quando algum dos parceiros já perceber que necessitará vir a “dar um tempo para arejar” mais dilatado, um procedimento que atualmente já se faz ser bastante comum e aceito será o de estipularem uma duração média padrão para se questionarem via mensagens de texto, talvez via WhatsApp ou processos similares, por volta de no mínimo 30 minutos após o horário de início da pausa acordada. Esta verificação é simples, reconfortante, e poderá ser usada tanto para que qualquer um dos parceiros possa pedir o uso de tempo adicional, quanto para checarem se ambos já se percebem prontos para retomar – sem pressão de qualquer das partes!

Alguns exemplos para tal mensagem de texto poderiam ser:

  • Eu já me sinto seguro(a) por ter tido meu “tempo para arejar”! Já me sinto disponível para retornar a partir de um lugar mais afetivo. E você? Como está em relação a esse aspecto?
  • Eu ainda me percebo muito chateado(a) e quero resolver isso. Quero que saiba que precisarei de mais 30 minutos.

Mensagens tranquilizadoras como estas se fazem importantes, pois informam seu estado atual ao parceiro e deixam claro a ele(a) que está sendo levado em consideração.

Outros casais preferem fazer acordo, com antecedência, de que usarão um tempo padrão de 1 hora, por exemplo, à sua prática de “dar um tempo para arejar”.

Vejam aquilo que mais se encaixa à necessidade pessoal de ambos – mas respeitem tudo aquilo que tenha sido acordado entre vocês!

Um exemplo de um bom Pacto de Pausa:

“Nós concordamos em praticar a técnica de ‘dar um tempo para arejar’, estabelecendo um tempo de ___ minutos/horas, permanecendo atentos para retomarmos contato quando esse tempo se esgotar.

Em caso de necessidade, qualquer um de nós poderá solicitar mais tempo para vir a se sentir mais calmo ou resolver alguma questão adicional que tenha surgido sobre o assunto durante o processo de pausa.

Desde já fica acertado entre nós, que o tempo máximo a seu utilizado para praticarmos a técnica de ‘dar um tempo para arejar’ será de 2 horas corridas”.

Não fazerem uso de álcool ou drogas.

O álcool e as drogas geralmente introduzirão novas emoções ou pensamentos negativos ao processo que está acontecendo e isso poderá fazer com que a prática de “dar um tempo para arejar” também precise lidar e levar em conta essa novas emoções e pensamentos conforme acordado entre vocês.

A experiência clínica nos mostra ser muito provável que a ingestão de álcool ou de outras drogas possa vir a dificultar em muito o seu processo, podendo, inclusive, torná-lo bastante ineficaz.

Caso haja possibilidade de isso vir a acontecer ao relacionamento existente entre vocês, talvez seja necessário adicionarem a cláusula abaixo ao seu “Pacto de Pausa”:

“Na prática de “dar um tempo para arejar”, nós concordamos não fazer uso de toda e qualquer substância que possa ter chance de vir a alterar nossas emoções, atitudes e/ou pensamentos”.

Passo 5: Estruture sua prática de “dar um tempo para arejar”

A maneira pela qual você venha a estruturar e organizar tudo que vier a fazer e pensar durante a prática de “dar um tempo para arejar”, determinará a sua capacidade de ter sucesso e de atingir o objetivo de efetivamente conseguir vir a se acalmar.

Algumas pessoas acabam se apegando a desenvolver pensamentos e argumentações mentais que versam sobre as diversas maneiras possíveis de virem a se vingar do parceiro quando o prazo estipulado pela prática de “dar um tempo para arejar” vier a terminar. Tipicamente, tais pensamentos incluem dois tipos principais, que J. Gottman denomina de “pensamentos prolongadores da angústia”, por serem decorrentes de sentimentos que:

  • Identificam e/ou classificam o fato ocorrido como fonte de uma “justa indignação”:
    • p.ex.: “eu vou fazer com que você sofra tanto quanto o sofrimento que você injustamente ocasionou a mim”.
  • Dão sustentação ao surgimento de uma atuação do tipo “vítima inocente”:
    • p.ex.: “Impossível perdoar a dor tão profunda que senti! Doloroso demais! Jamais esquecerei isso!”

Esses pensamentos apenas os deixarão mais atrelados aos seus problemas e os manterão perpetuamente chateados.

Para que o seu período de “dar um tempo para arejar” seja realmente eficaz, você precisará desenvolver um esforço intencional para tentar substituir esses pensamentos reativos e fortuitos por pensamentos que tenham mais potencial de melhorar seu relacionamento e que provavelmente o ajudem a se acalmar.

Seguem alguns tipos de bons exemplos que poderiam ser considerados:

  • Está bem! Eu estou chateado mesmo. Vamos arejar tudo isso bem a fundo!
  • Isso não é nada que seja pessoal, contra mim. Nós podemos trabalhar isso juntos.
  • Eu estou machucado, mas amo meu parceiro. Há algo que eu ainda não estou entendendo nesse momento presente mas que estou certo(a) que trabalharemos juntos para descobrir.

Pensamentos como esses certamente os ajudarão a relaxar seu corpo e a acalmarem-se!

E, também será importante aprenderem a respirar mais profundamente para relaxarem o corpo. J. Gottman perceber que as pessoas quando inundadas emocionalmente acabam por acabar prendendo ou limitando a sua respiração para evitar e/ou tentar controlar o surgimento das suas emoções indesejáveis. E, então, elas acabam desenvolvendo uma maneira crônica que as fará passarem a ter respirações menos profundas, insuficientes e mais superficiais.

Mas isso apenas as remeterá a estados corporais defensivos que irão se amontoando para poderem lidar contra a ameaça eminente e que foi criada pela neurologia Reptiliana do nosso cérebro e que, por não ser muito evoluída, acabará perpetuando alguma sensação corporal de ameaça.

Para combater isso, feche seus olhos e respire bem fundo por algumas vezes. Isso autorregulará seu sistema nervoso e lhe ajudará a sinalizar que você já está bem e seguro, assim permitindo que a parte mais sábia e amorosa do seu cérebro – o seu Neocórtex – possa retomar o comando.

Também é verdade que, para algumas pessoas, meditação ou relaxamento serão atividades mais desafiantes ou difíceis. Isso é natural. O que realmente importa será encontrarem algo que os acalme e os distraia dos pensamentos que procurem dar sustentação ao continuísmo dos seus estados de angústia!

Você também pode optar por ouvir música; dar uma volta no quarteirão; ler uma revista de variedades; etc. Outras pessoas preferem correr ou se exercitarem para liberar energia e tensões desnecessárias em seu corpo.

Dica Adicional Importante:

Faça uma lista com as 5 atividades que mais tenham chance de acalmá-lo e que você possa vir a facilmente desenvolver durante sua prática de “dar um tempo para arejar”.

Passo 6: Recomecem, reconectando-se

Quando vocês decidirem já ser possível retornar de suas práticas de “dar um tempo para arejar” para retomarem o assunto que os tenha remetido ao conflito em questão, concentrem-se em, antes, criarem “rituais” específicos que permitam o surgimento de mais e melhor conexão emocional entre vocês.

Podem fazer isso, por exemplo, nomeando de 3 a 5 coisas que cada um de você verdadeiramente aprecia existirem na outra pessoa ou, então, abraçando-se carinhosamente por um ou dois minutos seguidos.

Ao se reconectarem emocionalmente, vocês estarão sinalizando ao seu cérebro de que seu parceiro é alguém em quem vocês podem confiar e a quem vocês não precisarão atacar para proteger-se.

Praticando “dar um tempo para arejar”

Vocês até mesmo podem já ter feito o download do arquivo “Pacto de Pausa” e, então, terem passado pela experiência de terem feito novos acordos que os fizeram sentir que as coisas melhorariam da próxima vez.

Mas, infelizmente, há mais trabalho a ser feito!

E, a pior coisa que vocês podem fazer será lerem esse artigo e jamais arriscarem-se a praticar a técnica de se “dar um tempo para arejar”!

Blake e Devin preencheram o “Pacto de Pausa”, mas jamais o praticaram.

Quando vieram a enfrentar o seu próximo conflito desagradável, ignoraram completamente o sinal que definiram para disparar a prática da técnica de “dar um tempo para arejar” e continuaram uma intensa discussão da mesma maneira que sempre o faziam. Isso os manteve presos a um ciclo continuado de insegurança e de criticismos, contra-ataques e isolamento.

No decorrer da próxima sessão terapêutica, eles revelaram ter pensado em praticarem a técnica do “dar um tempo para arejar”, mas se percebiam tão chateados que decidiram internamente que todas aquelas coisas “precisavam ser extravasadas”.

Infelizmente, as coisas que “precisavam ser extravasadas” prejudicaram o vínculo amoroso existente entre eles ao invés de fortalecê-lo!

Então, não será suficiente nos fazermos cientes dos efetivos benefícios da técnica de sugerir “dar um tempo para arejar”! Essa habilidade deverá ser praticada com suficiente frequência até que, no calor de uma discussão desagradável, ela possa se tornar a resposta pessoal e automática do casal

Pratiquem a técnica de “dar um tempo para arejar” durante suas reuniões semanais, mesmo quando isso não pareça ser lá tão necessário naquele momento.

Então pratiquem também quando um de vocês dois estiver levemente agitado. A diferença será que vocês poderão, cada vez mais, gastarem menos tempo se acalmando durante essas sessões de treinamento.

Pratiquem isso, pelo menos, cinco vezes e brinquem com a definição dos sinais de parada com as possíveis maneiras de criarem

Blake e Devin concordaram em praticar mais a técnica de “dar um tempo para arejar” e o fizeram quatro vezes mais antes de nossa próxima sessão terapêutica, cerca de uma semana depois. Eles relataram terem tido uma discussão calorosa algumas horas antes da nossa sessão e conseguiram fazer uso da técnica com sucesso.

Decorreram-se três meses desde que eles tiveram que iniciar o uso da técnica de “dar um tempo para arejar” nos conflitos que enfrentavam. Um dos paradoxos dessa técnica é: quanto mais vocês a usam, menos precisarão dela! E isso acontece porque a segurança de agora virem a saber como acabar com suas discussões e como retomarem a situação, mais calmos, faz ser muito mais fácil permanecerem presentes e desenvolverem discussões mais produtiva.

Quanto mais vocês praticarem a técnica de “dar um tempo para arejar” – mesmo quando não estejam precisando praticá-la tanto assim – mais poderão vir a fazer uso dela quando realmente precisarem!


Detalhes Sobre a Tradução:

Título Original do Artigo:

6 Steps to an Effective Time-out That Stops Nasty Conflict

Autoria:

Texto original elaborado por Kyle Benson

Notas da Tradução:

Tradução livre, adaptações, inclusões e interferências ao texto original, feitas por Nelson Simas Costa, Terapeuta Reichiano e Helper pelo Pathwork® São Paulo, CRT 45154.

Entre em contato via WhatsApp ou [email protected]